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esperança nasce de uma reflexão profunda e verdadeira, de
um encontro com o criador, da certeza que Ele faz renascer
um novo tempo para aquele que foi consagrado, o qual,
tendo experimentado e conhecido a origem da esperança,
a carrega com uma alegria capaz de transformar as vicis-
situdes. O consagrado é, verdadeiramente, a face da espe-
rança que com alegria proclama a ressurreição que se inicia
agora. O consagrado revela a fé de que tudo se pode reno-
var, sendo sempre possível recomeçar e atualizar o sentido
e o valor da existência humana.
A consagração nasce, num certo sentido, antes mesmo
de sermos gerados no ventre materno, pois Deus já conhe-
cia-nos, já havia nos separado (Cf. Jr 1,5). Antes mesmo que
tivéssemos consciência de quem somos, Aquele que nos
sonhou, consagrou-nos, chamou-nos à vida, e vida em ple-
nitude. Deu origem a um chamado de consagração, o qual
encontra sua plenitude total no batismo, momento em que
de fato, nós cristãos, nascemos para a santidade, para uma
vida nova, purificados do pecado original, e que deve ser
alimentada ao longo da partilha de nossa vida.
Toda vocação nasce de Deus. É iniciativa dEle. Assim como
Ele criou o mundo e tudo que nele existe, chamando à exis-
tência por meio de sua Palavra, nós, por meio da mesma
Palavra, no momento de nosso batismo, nos tornamos tem-
plo do Espírito Santo, somos elevados na graça para que
possamos cultivar uma vida nova. É Ele quem faz florescer,
ao longo da nossa bela história, o desejo e o dom da con-
sagração. É por meio do amor ágape de Deus que somos
transformados e purificados em homens novos. Esse amor,
que nos é dado de forma plena no batismo, vai sendo atu-
alizado ao longo de nossa vida, na prática da oração e da
contemplação Daquele que é a origem da nossa existência,
brotando, dessa forma, um desejo de especial consagração.