122
Nomeado reitor do Santuário Nacional de São José de
Anchieta, na cidade de Anchieta, no Espírito Santo, padre
César comemora agora a canonização como uma graça de
Deus, que inspirou o também jesuíta papa Francisco a cano-
nizar o missionário sem mais exigências. Nove meses antes
de assinar o decreto de canonização, em audiência ao prefeito
da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo
Amato, o papa lembrou aos jovens na Jornada Mundial da
Juventude, no Rio de Janeiro, que José de Anchieta partiu
em missão quando tinha apenas 19 anos. “Sabem qual é
o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro
jovem! Este é o caminho a ser percorrido”, apontou o papa.
Ao celebrar uma missa em ação de graças pela canoniza-
ção, na Igreja Santo Inácio de Loyola, em Roma, em 24 de
abril de 2014, Francisco voltou a apresentar Anchieta como
modelo de missionário e evangelizador.
É esta a contribuição que José de Anchieta dá aos cristãos
da Igreja do Século 21, especialmente no Brasil, Portugal
e Ilhas Canárias, terras por onde passou. Ele foi pioneiro
em seu trabalho de catequização dos índios, quando ado-
tou métodos revolucionários de aproximação e conquista,
utilizando a pregação em língua tupi, a música, o teatro, a
dança e a literatura numa época em que não se falava em
inculturação, neologismo em moda na pastoral das últimas
décadas. Anchieta assumiu o papel de médico e de enfer-
meiro, aprendendo com os índios o valor das plantas medi-
cinais. Foi escritor e poeta, mas escreveu também sobre a
botânica e a zoologia do Brasil. Seu mais famoso poema foi
o De Beata Virgine Matre Dei Maria, escrito em latim – o
Poema da Virgem Maria, de 5.732 versos, que teria rabis-
cado nas areias da praia de Iperoig, atualmente Ubatuba,
no litoral paulista. O mais provável é que tenha guardado
o texto na memória para transcrevê-lo mais tarde.